Símbolos das lutas de Teófilo Otoni

Edmo da Cunha Pereira * (nov/2007)


Vários símbolos acompanharam a trajetória de Teófilo Otoni, em diferentes momentos de sua vida. Todos revelam as lutas políticas, as idéias ou as obras que Otoni foi deixando por onde passou.

Sentinela - Os Liberais lançaram vários jornais com o nome de "Sentinela", nas décadas de 1820-1830. Eles foram surgindo por todo o país, sempre sob a forte inspiração do líder político e jornalista Cipriano Barata, que criou o pioneiro "Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco", em 1823. O "Sentinela do Serro" foi o jornal criado por Teófilo, em 1830, quando retornou à Vila do Príncipe, terra natal, após sofrer perseguições em sua passagem pela Marinha, no Rio de Janeiro. O símbolo de uma sentinela, que encimava a primeira página da publicação, acabou acompanhando a trajetória de Otoni, bem como denominando vários outros jornais que até hoje bebem em seu exemplo. Para se ter uma idéia do alcance deste símbolo, atualmente o periódico da Prefeitura Municipal do Serro se chama "Sentinela", enquanto o Diário Oficial que a Prefeitura de Teófilo Otoni acaba de lançar tem o nome de “Sentinela de Teófilo Otoni”.

Capitão da Casaca Branca - Para lutar ao lado dos companheiros de Minas, na Revolução Liberal de 1842, Otoni teve que sair do Rio de Janeiro e atravessar as trincheiras adversárias no rio Paraibuna, debaixo de uma saraivada de balas. Conta-se que nesta ocasião ele viajava trajando uma casaca branca, depois retratada nas obras de diversos artistas, como Santa Rosa e Percy Lau. Em razão deste episódio, ele ganhou o apelido de "Capitão da Casaca Branca".

Pogirun - O capitão Timóteo, cacique da confederação dos Naknenuks, ao deparar-se pela primeira vez com Otoni (1852), encontrou-o de luvas brancas, chamando-o imediatamente de "Pogirun". Daí em diante, Teófilo Otoni será conhecido pelos nativos do Mucuri por este nome, tradução de "mãos brancas" no idioma Jê. O uso de uma simples proteção contra os mosquitos, acaba por se tornar mais um dos seus símbolos marcantes.

Lenço Branco - Teófilo Otoni parece mesmo predestinado a lançar modas e simbologias. Durante um discurso em praça pública, no início da década de 1860, ele retira um lenço branco do bolso para limpar o suor do rosto e o mantém nas mãos durante todo o tempo. O ato é suficiente para que a multidão acabe por imitá-lo, passando a fazê-lo daí por diante, nos principais encontros políticos e nos momentos de manifestação cívica, como no caso da "Questão Christie".
Obs.: Este símbolo parece também ter sido usado ao pescoço, podendo estar igualmente ligado a alguma batalha travada na época, conforme canta o Hino do Serro: “de lenço branco ao pescoço, lutando pelo Brasil”.

Luzia - A Revolução Liberal de 1842 terminou com a batalha na cidade de Santa Luzia/MG, entre os revolucionários e as tropas de Caxias. Este episódio acabou por apelidar os Liberais de "luzias" até o final do Império, que, por sua vez, denominavam de "saquaremas" os Conservadores. Mais uma vez Teófilo Otoni se encontrava diretamente ligado a outro "símbolo", ou mais comumente identificado como o próprio "chefe dos luzias", por ter assumido o comando da Revolução em sua última etapa.


* Advogado e Consultor em Gestão Pública, nascido no Serro/MG,
autor do “GUIA DO SERRO – Histórico, Turístico e Cultural”


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